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Por Que Gostar de Ficção Científica? Conceitos Abstratos II – Tempo Contínuo ou Tempo Discreto.

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Faz um certo tempo que me interesso por questões temporais desde “Como se formaram as civilizações?”, passando por “Como funciona um relógio?” e pela mais importante “quanto tempo demora para o almoço ficar pronto?”, até uma questão fundamental da natureza do tempo:
O tempo é discreto ou contínuo?

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Para introduzi-los nessa discussão, antes de mais nada, devemos entender do que se trata isso que eu escrevi ali em cima. Tudo o que se pode medir se enquadram em uma dessas categorias: Discreta ou Contínua.

Discreto é aquilo que é sempre inteiro, tem quantidade predeterminada, é quantizada, é preciso e certeiro, 8 ou 80; exemplo:
– O conjunto nos números naturais. 1, 2, 3, 4, […];

Contínuo é trata aquilo que sempre tem intermediários… como assim?
Exemplo: os números Reais…
Quantos números, existem de 0 a 1 ?
Resposta – infinitos: 0; 0,00000000000001; 0.00000002; 0,00000012; […].

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Na Figura ao lado podemos ver a representação gráfica desses conceitos, quanto o discreto só existe no quadriculado (Vermelho), o contínuo admite todas as posições entre o quadriculado também (Cinza).

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Com relação ao tempo a questão é a seguinte: “O tempo é como uma película de filme, quadro por quadro, não existindo nada entre eles? E o melhor… se existe um quantum temporal, quanto ele mede?

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De acordo com algumas teorias da física moderna, o tempo, tal qual o espaço, de natureza discreta. Ou seja, se pegarmos um cronômetro infinitamente preciso ele pararia de contar o tempo por volta da 42ª casa decimal… (Não é piada. Rsrsrsrs)
Medidas bem pequenas como essa são chamadas medidas de Plank, e, teoricamente, nada consegue ser menor que elas e tudo que existe no universo são múltiplos dela.

Já o tempo contínuo não tem disso, sequer seria possível um cronometro tão preciso, por que necessitaria de infinitas casas decimais para captar as variações infinitas de tempo. Obviamente, por não termos tecnologia suficiente para medir esse quantum empiricamente, as medidas de Plank ficam no campo da física teórica, tornando o tempo virtualmente contínuo.

De volta para o Futuro (1985)
Nesse filme de Robert Zemeckis podemos ver o tempo  em sua abordagem mais comum no cinema: contínuo, e em fluxo.
Nessa maneira de se narrar a viagem no tempo as alterações dela decorrentes são progressivas. Quando o delorean (Carro máquina do Tempo) viaja ele deixa um rastro de fogo no chão, até completar sua viagem (Faz a viagem aos poucos). Assim como, ao modificar o passado, as modificações não são pontuais, mas se propagam pelo tempo até afetar o futuro.

 

A fuga do Planeta dos Macacos (1973)
Já no terceiro filme da série planeta dos macacos podemos ver uma visão diferente,  diretor Don Taylor foi bem feliz ao mostrar o tempo discreto, em uma cena na qual um cientista explica num telejornal que o tempo funciona como um pintor que se pinta numa tela pintando um pintor que se pinta, infinitamente.
Nesse caso o quantum temporal seria o tempo imaginário que o pintor levaria para se pintar pintando um pintor… e esse tempo, hipoteticamente, se repetiria para os demais pintores, não havendo como ter um “próximo pintor” antes desse tempo.

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Interestelar (2014)
Como uma ficção científica bem arrumada, o diretor Nolan não poderia deixar de colocar um exemplo de tempo discreto. Além de vários conceitos sobre a gravidade, já mencionados em postagem anterior (PQ gostar de Sci-Fi? – I)  ao final do filme vemos um hipercubo com a “projeção” do tempo no espaço… e para “caminhar” pelo tempo o astronauta Cooper tem que se movimentar dentro do hipercubo. (Por questões de roteiro, cada “quadro” do tempo que ele via, não era estático, contudo a Sombra que os objetos fazem, além de lembrar cordas, proporcionava sensação de movimento quadro a quadro).

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#SoNerd – 20 anos depois de Independence Day, o que esperar da continuação?

Brasília vira Sci-Fi em Curta Estrangeiro [City of the Future]

Reggie Watts é um alemão bem esquisitão (que vive nos EUA, onde canta e faz comédia)… Não a toa ele escreveu e apresentou, junto com a bela Carolina Ravassa,  a esquisitice do curta “City of the future” dirigido por Benjamin Dickinson, diretor de “Creative Control”, que são uns filmes independentes “mucho locos”.

City of the Future se passa na nossa amada Capital.

Só que ela está um pouco… diferente… Digamos, ressignificada.

O curta é um documentário fictício em que os guias mostram o mundo do futuro, hoje, em brasília… quem diria.

 

 

Alguns pontos (Fu)turísticos:

  • Teleportation kiosk (Quiosque de teletransporte): Disponível por toda BsB, esse é o meio mais rápido de viajar pela cidade, encontre um e pense no seu destino e você estará lá.  (Quem me dera isso fosse verdade). Aparentemente existe um perto do Panteão da Pátria, ao lado do mastro da bandeira… duro será chegar lá sem teletransporte.
  • The Hall of Memories (O Salão das Memórias): É o Museu da República… parece ser importante.
  • Brasília Energy Complex (Complexo Energético de Brasília): Aparentemente a cúpula do batistério da Catedral Metropolitana não era o que nós imaginamos, um teto, mas um grande fio terra, onde podemos encostar nossas mãos e calibrarmos nossa energia interna. Essa é a promessa!
  • The House of Transformation (A casa da transformação): Aqui podemos gozar de toda a energia religiosa que precisamos, trata-se da Catedral Metropolitana, que eu não sabia, mas foi projetado pelo Dom Bosco, parece que nessa realidade o pobre Niemeyer não existiu.
  • Telepathy College (Faculdade de Telepatia): Não sabemos muito sobre ela, pois o guia nos deu as informações telepaticamente, mas o prédio da faculdade é a cara da LBV.

Para o negócio ficar ainda mais esquisito os dois ainda cantam um hino à Brasília…
Talvez valha a pena assistir… mas não garanto. rsrsrsrsrs


Quem mora em Brasília, “BsB”, “Capital da Esperança”, “Quadradinho” ou “cidade-parque” (Só Lúcio Costa falava isso… nunca ouvi alguém dizer), ou que tenha, pelo menos, passado por aqui, seja de avião, de carro, de moto, de ônibus ou de nave espacial, deve ter percebido que se trata de uma cidade prá lá de incomum em urbanismo e arquitetura. Fato é que nossa cidade já inspirou muitas obras de Ficção-Científica (Sci-Fi) através do espaço-tempo. Por isso nessa semana que nossa cidade faz 56 aninhos preparamos uma série de postagens mostrando como BsB é SCI-FI.

 

Outras postagens da Série:

Brasília a capital Sci-Fi. [Alvorada em Star Trek]

Quem mora em Brasília, “BsB”, “Capital da Esperança”, “Quadradinho” ou “cidade-parque” (Só Lúcio Costa falava isso… nunca ouvi alguém dizer), ou que tenha, pelo menos, passado por aqui, seja de avião, de carro, de moto, de ônibus ou de nave espacial, deve ter percebido que se trata de uma cidade prá lá de incomum em urbanismo e arquitetura. Fato é que nossa cidade já inspirou muitas obras de Ficção-Científica (Sci-Fi) através do espaço-tempo.

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Por isso nessa semana que nossa cidade faz 56 aninhos preparamos uma série de postagens mostrando como BsB é SCI-FI.
Hoje mostramos o clássico, Star Trek, a série, de 1966, que tomou o Palácio da Alvorada (Residência Oficial do Presidente da República) emprestado do Oscar Niemeyer, o projetista, por duas vezes:

Where No Man Has Gone Before (1966)

Logo no primeiro episódio da Série (Que na realidade é o segundo piloto), Capitão Kirk visita uma colônia de mineração terráquea no planeta Delta Vega. Ao chegarem lá, teletransportados, é claro, podemos ver a fachada do prédio da mineradora, em seu topo o palácio da alvorada, como que coroando a construção.

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Dagger of the Mind (1966)

Ainda na primeira temporada o mesmo prédio, igualzinho, aparece novamente, dessa vez a Enterprise vai a visita de uma colônia penal para criminosos insanos (que não se chama Arkham) no planeta Tantalus V. Vemos então o óbvio, a casa oficial de nossos presidentes, APENAS no universo de Star Trek, é um hospício.

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Outras postagens da Série:

Who’s Doctor Who? [SoNerd #5]

15 Filmes para assistir antes de morrer no Apocalipse Zumbi. #SoNerd

A Quinta Onda [Crítica]

Muito se tem falado dos filmes baseados em séries de livros infanto-juvenis, tornando-se uma moda bem controversa, para alguns não passa de mero comércio, Hollywood se aproveitando de leitores adolescentes ingênuos e empolgados para lucrar com pouca criatividade; por outro lado há quem aponte a importância da leitura desse tipo de ficção como porta de entrada para literatura mais densa e os filmes como incentivo a leitura dos seus livros de origem. Seja qual for a sua opinião deve-se admitir: Atualmente a originalidade tem se manifestado de formas estranhas.

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Em “A quinta Onda” filme de J Blakeson, de 2016 (ainda em cartaz), contando com a linda da  Chloë Grace Moretz como protagonista, podemos ver mais uma vez o que Hollywood tanto ama: um mundo distópico marcado pela catástrofe. O cenário é desolador, ETs chegam nada amigáveis, “olhando com olhos cobiçosos para nosso nebuloso planeta” como em “Guerra dos Mundos”, decididos a despovoar o planeta terra. Aí o estrago começa, com tudo que tem direto: Os equipamentos eletrônicos pifam como em “O dia em que a terra parou” (1ª Onda). Ondas gigantes destroem tudo como em “impacto profundo” (2ª Onda). cn5ipybuaaa4hbhUm vírus modificado, que nem em “Eu Sou a Lenda” (3ª Onda), mata os gatos pingados e molhados pelas ondas que sobreviveram. Ainda por cima os ETs (Os Outros) se disfarçam de seres humanos, como um clichê de Sci-Fi (4ª Onda), para os sobreviventes pirarem entre si em conspirações.

E como desgraça pouca é bobagem, ainda vai ter uma quinta onda que promete acabar de vez com a humanidade. Em meio a isso temos algo muito importante:

Os personagens. Não são personagens que vivem para o que aconteceu, não são personagens preparados para essa situação, não são personagens heroicos ou salvadores da pátria. São personagens que foram arrancados de suas vidas, como que para um pesadelo. E isso é muito bem explorado no filme. Diferente dos seus congêneres como “Divergente” e “Jogos Vorazes”, esses personagens não querem mudar o Status Quo, não querem revolução, não querem nem expulsar todos os Outros, não tem nem perspectiva para um plano audaz. Só querem viver mais um dia. Cada um dos sobreviventes tem um trauma e histórias tristes para contar, são verdadeiros sobreviventes. E como tal, aprendem a se virar, cometem erros ridículos, que provavelmente cometeríamos, e quase morrem, ou morrem mesmo. E como qualquer humano, são egoístas. E aí está a virada da história.

the-5th-wave-image02-1200x800O filme mostra os personagens humanos e Aliens (escondidos num esquema meio Cylon) aprendendo a serem ‘humanos’. Como assim? No aperto eles descobrem as virtudes das ‘humanidade’. Do egoísmo extremo veem a oportunidade da caridade. E a praticam.
Parece muito bobo (O Poder do Amor), mas não é.
É forte.

Vivemos num mundo “antes” da catástrofe e não nos damos conta disso, do quanto o ser humano é mesquinho. Mas durante a história do filme, durante o período mais crítico, quando o indivíduo está mais ameaçado, brota a solidariedade em algumas pessoas, e elas se tornam humanas de verdade. Não estou dizendo que esse filme mostra a humanidade se aperfeiçoando, chegando ao nirvana coletivo. De modo algum! Estou dizendo que em meio a confusão, aos erros de personagens de caráter falho (mesmo que por vezes com sorte inverossímil) e dispostos a tudo para a autopreservação (Inclusive matar e roubar), o caos não reina. Essa é a humanidade que o filme mostra. A direção do filme tenta colocar isso o tempo inteiro na nossa cara, por meio da disposição de objetos, frases que parecem aleatórias, o enquadramento e até falas truncadas para mostrar o estado de confusão geral.

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Claro que não deixaríamos de ver, nesse tipo de filme, um bom romancezinho adolescente, mas que encaixa perfeitamente no enredo e na tese central. Podemos ver também outros comemorativos juvenis, como o foco em personagens adolescentes, a visão ingênua deles quanto ao que está ao seu redor. Esse foco chega a ser um pouco excessivo, influenciando desde a escolha dos atores até a forma coma as cenas são conduzidas, cuja justificativa do público alvo é evidente. Se você for um espectador um pouco mais criterioso provavelmente diria que isso prejudica o andamento do filme, que acaba sendo compensado com “surpresas” previsíveis, mas ainda sim um tanto irônicas e muito cruéis.

a_quinta_onda02Podemos colocar como diferencial do filme o fato de trazer de forma coesa e coerente muitos elementos de ficção científica sem forçar a barra, e aliar a esse cenário personagens adequados para a verossimilhança da trama deixando “A Quinta Onda” um filme original e divertido, agradando o público juvenil, mas talvez nem tanto públicos mais maduros.

A premissa prometia muito, o potencial do filme era imenso, poderia ser um ótimo filme de Ficção Científica, por esse lado foi bem decepcionante, portanto, se você espera um filme de Ficção Científica bem trabalhado “A quinta Onda” vai ficar te devendo… Se você quer ver personagens heroicos, superdotados ou muito inteligentes você está procurando no lugar errado… Mas se você espera ver mais um “filme adolescente”, você provavelmente vai ficar surpreso positivamente. Vale o ingresso? Quero acreditar que sim, sente-se e relaxe, que você vai ter diversão e uma mensagem no mínimo inusitada: Todos precisamos de ajuda para sermos humanos.


 

Nome: A Quinta Onda (The 5th Wave)
Diretor: J Blakeson
Baseado na obra de Rick Yancey
Gênero: Aventura, Ação, Ficção Científica
País: Estados Unidos
Ano: 2016
Duração: 112 minutos

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Sinopse:

No futuro, a Terra começa a sofrer uma série de ataques alienígenas. Na primeira onda de ataques, um pulso eletromagnético retira a eletricidade do planeta. Na segunda onda, um tsnunami gigantesco mata 40% da população. Na terceira onda, os pássaros passam a transmitir um vírus que mata 97% das pessoas que resistiram aos ataques anteriores. Na quarta onda, a adolescente Cassie Sullivan (Chloë Grace Moretz) vai ter que descobrir em quem pode confiar.

Filme da Semana: Metrópolis [O Futuro no passado]

Não seria ótimo se ao invés do ser humano ter que fazer o trabalho duro e arriscado tivéssemos robôs para fazerem isso para nós? Não mais limpar a casa, lavar a louça, arriscar-se em missões de salvamento ou exaurir-se em fábricas. Assim como nos Jetsons? E SER um andróide? Imortal, sem doença, um ser superior? Aparentemente Fritz Lang, o diretor de Metropolis discorda um tantinho dessas ideias. Ele viu na vida artificial um problema social e seu mau uso pelos poderosos, ao invés de uma utópica solução.

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Já em 1927, em meio a uma democracia frágil e corrupta como a que existia na Alemanha na  sua época, Fritz Lang ousou fazer Ficção Científica, em sua obra prima Metropolis. Com relativo baixo orçamento, e economia em crise, Lang fez um verdadeiro milagre. Considerado por muitos como o primeiro filme de Ficção Científica, propriamente dito, Metropolis mostra uma sociedade distópica, onde os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, onde o trabalho em linha de produção é caótico, as jornadas de trabalho, exorbitantes, e o trabalhador é tratado como gado. Não muito diferente do que se via em países industrializados na época.

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Sinopse: Daqui 10 anos, em 2026, o mundo é dividido como Marx falou que era, a elite dominante, detentora dos meios de produção, que vive, em arranha-céus no luxo e no conforto, vivendo os “loucos anos 20” e a classe operária condenada desde a infância a habitar os subsolos, escravos de monstruosas máquinas que parecem engolir vivos os trabalhadores. Um certo dia, Maria, Líder dos trabalhadores, resolve levar algumas crianças para uma excursão pelo mundo “superior”, mostrando para elas quem elas sustentariam com seu trabalho, quando o filho do dono de metrópolis, Freder, a vê se apaixona a primeira vista. Tocado pelo discurso de Maria, Freder mergulha no cotidiano de um trabalhador braçal, e obviamente, passa muito mal por exaustão física, em seus delírios ele toma uma resolução: Acabar de vez com a exploração de todos os trabalhadores do mundo. Enquanto isso, um cientista maluco tenta reviver a mãe de Freder por meio de uma ginóide. A bela robozinha seria usada pelo pai de Freder para desarticular o movimento operário, contudo, o cientista que a criou pensou em ardis mais elaborados para ela, substituir toda a humanidade mortal por robôs, o “homem do futuro”.

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metropolis_masters_of_cinema_series_2010_atf_2_bigO Enredo possui nítido viés socialista, ao mostrar uma luta de classes física, não apenas social, ocorrendo na tela, bem como o discurso “antiburguês” que permeia todo o filme. Contudo, ao seu final, percebemos um ponto de vista “apaziguador” da luta de classes, por meio da “união para um bem maior”, o que encantou Hitler e outros ícones do partido Nazista. Contudo, nem todos receberam o filme com o mesmo entusiasmo.

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H. G. Wells, escritor britânico de Ficção Científica (Autor de A Guerra dos Mundos) e socialista de carteirinha, foi um crítico ferrenho a obra de Lang. De metropolis_masters_of_cinema_series_2010_soc_2acordo com Wells, Metropolis é um clichê confuso não passando de um filme “pra lá de bobo” (quite the silliest film). De certo modo, a história não é nada original, se considerada a literatura rica de Sci-Fi, incluindo o próprio wells, cuja obra “a máquina do tempo” (de 1895) guarda semelhanças incríveis em termos conceituais com metropolis, contudo uma novidade muito interessante para o cinema, uma vez que mostra a tendência do cinema Sci-Fi de transpor os conceitos da literatura para a telona. Uma dessas ideias é a impressão que os autores tinham de o ser humano estar sendo “engolido” pela tecnologia até não conseguirmos mais distinguir  o que é ser humano e o que é máquina.

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Se a história já não era grande novidade para a metropolis_213pyxurzépoca, não se pode dizer o mesmo da estética. O The New York Times chamou o filme de “A maravilha com técnica de pés de barro” se referindo ao modo arcaico, contudo, efetivo de se fazer o filme, pois apesar de se tratar de um filme em preto e branco e mudo, podemos ver o uso pleno da Linguagem cinematográfica, com direito a efeitos especiais, uso de grandiosos cenários, multidões de figurantes e fotografia e atuações típicas do expressionismo alemão, em todo seu suspense e categoria. Com direito a cenas de trabalhadores fazendo trabalho totalmente sem sentido, escravo da máquina, mostrando a alienação que o trabalhador estava sujeito, criando uma atmosfera de pesadelo.

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Um destaque que não pode faltar é com relação a cidade mostrada em metrópolis, um verdadeiro caos urbano, cheia de viadutos e arranha-céus, com centenas de carros e aviões. Arquitetura moderna e fucional como da Bauhaus, na época ainda em atividade, com traçado futurista, elegante e grandioso marcam a fotografia do filme em todos os ambientes.

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Outro diferencial do filme são as referências metropolis-film-4religiosas que saltam aos olhos. Durante o delírio de Freder ele vê uma das máquinas como o deus Moloch, cuja representação, desde a antiguidade, é a de uma grande boca, onde era depositadas crianças para seu sacrifício no fogo. Além disso podemos ver citações bíblicas como a personagem Maria, e seu oposto a meretriz do livro de Apocalipse. Assim como o pentagrama de cabeça para baixo na sala de ativação da ginóide apontando o mal presente. Entre outros. (Procure que é divertido)

Uma curiosidade é que até recentemente essa maravilha cinematográfica estava incompleta, devido a baixa quantidade de cópias e péssimo armazenamento, estava faltando quase meia hora de filme, mas na argentina (possivelmente um filho de nazista fugido) encontrou uma cópia com os trechos que faltavam do filme, em péssimo estado, mas assistível, e hoje achamos no mercado a versão completa desse grande clássico, que faz justiça a sua fama.

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Possui visual magnífico, enredo simples, mas reflexivo, heroísmo, e até um pouco de romance, mantendo o suspense até o fim do filme. Perfeito para quem não tem problema com filme antigo e gosta de “obras de arte” na tela.

Arquivo X vem para mostrar que o “X” ainda marca o lugar do Tesouro

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Em 1993 fui apresentado a um grupo de amigos que fez com que todos os pensamentos acerca de conspiração alienígena que desenvolvi durante anos, como leitor de livros e quadrinhos de ficção científica, não fosse tempo perdido… mesmo que constantemente ouvisse o contrário por parte de meus pais e de minhas efêmeras namoradas.

 

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Fox e Dana eram os dois lados de uma moeda de ouro muito valiosa. Seguraram durante nove temporadas uma série puramente pelo roteiro e pela Friend Zone eterna entre eles. Gillian Anderson (Dana Scully) mudou regras sobre beleza mostrando uma heroína inteligente, forte e sem apelos sexuais exagerados. Scully era uma ruiva baixinha, gordinha e maravilhosa.

Como era uma outra época, diferente da x_files__6_geração “acho tudo em torrent”, a maioria dos fãs conheceram a dupla com suas vozes brasileiras da VTI, que diga-se de passagem fizeram um ótimo trabalho, tanto que Arquivo X foi a única serie de TV que fiz uma certa questão de ver dublada. Nove anos com altos e baixos, conflitos nos bastidores da serie que fizeram mudanças, algumas estranhas, acontecerem, mesmo com tudo isso, não abalou o carinho e respeitos dos fãs mais fiéis… como eu.

Afinal o que seria feitos dos eternos apaixonados pelos dois agentes do FBI mundo afora?

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Hoje, dia 25 de janeiro de 2016, tive o prazer de ver os dois primeiros episódios da décima temporada, após um hiato de 14 anos. Confesso que estava com medo do que eu iria degustar ali. Afinal cada um seguiu sua carreira de formas até que bem sucedidas e a marca da idade é muito clara… Principalmente com David Duchovny (Fox Mulder). Contudo devo ressalvar que o tempo não passou em nada para Mitch Pileggi o nosso bom Chefe Walter Skinner.

key-art-4-handBem… Ao desligar a TV após os créditos do segundo episódio senti como se tivesse Jantado com amigos, há muito, ausentes. Arquivo X estava lá ainda. Sua identidade, as características de cada personagem, intacta! No entanto, note que não vi algo saudoso e grotesco como já tivemos o desprazer de ver em series e filmes por aí.

Não!

Eles mantiveram as identidades (como a abertura original, por exemplo), mas inovaram também. As histórias estão claramente mais abertas para o novo público, com menos mistério do que é óbvio para a série e a apresentação de temas atuais como a homossexualidade, além uma internet bem mais potente do que há 14 anos. Vemos que a Friend Zone não ficou durante o fim da série e temos a introdução de um novo, e com certeza, importante personagem.

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Devo dizer que para aqueles que choraram com o ultimo episódio em 2002 de forma alguma ficaram tristes com o que nos foi dado pelo senhor Carter nesta nova temporada e que o novo foi muito bem trabalhado tanto no roteiro quanto nos efeitos especiais.

Valeu a pena esperar tanto e que venha mais.

Doctor Who, a Música Clássica e o Rock’n’Roll, e variações [PQ Gostar de SCI-FI?]

Uma das brincadeiras mais manjadas da ficção científica, e que faz muito sentido, é a mudança de valor de elementos da nossa cultura vista do futuro… como assim? Esse ideia vem de perguntas como: Do que os habitantes de Viena no Séc 18 chamavam a música de Mozart? Clássica? Contemporânea?… [Clássico em sentido restrito seria produção artística do período homônimo.]

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Bem, ao menos popularmente, chamamos clássico aquilo que já está arraigado na nossa cultura, que existe há tanto tempo que o mundo não seria o mesmo se aquilo não existisse, algo tão antigo que parece fazer parte de “como o mundo funciona”, e para isso precisa de tempo, e muito desenho do Tom Jerry, para se “solidificar”, mas existem clássicos nesse conceito que, obviamente não é do período clássico, por exemplo, “O poderoso chefão” de F F Coppola, os filmes de C Chaplin e até séries como próprio Doctor Who, que mesmo sem saber que se tornaria um clássico, brincou com o termo 2 vezes:

The Chase

3ª Temporada (1965) – 1º Doutor

Nesse arco podemos ver Vicki (Uma companheira humana do doutor, nascida no século XXV), assistindo uma transmissão antiga de “Top of the pops!” em que os Beatles cantavam “Ticket to Ride”. Animada com a música ela comenta “Não Sabia que teria música clássica aqui”, o que deixa os professores Bárbara e Ian, do séc. XX embasbacados.

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Curiosidade: Essa cena que vemos era para se passar em 1996, e mostrando os Beatles mais velhos, mas o empresário deles à época vetou a ideia, permitindo apenas a retransmissão desse programa que já era da BBC. Outro fato curioso é que o único pedaço de filme que sobrou da transmissão desse programa com os Beatles, que não foi destruída pelo tempo, é a que está na série. Ironicamente, nós do futuro, se quisermos ver essa relíquia do passado só poderemos ver através da TARDIS. (Vídeo abaixo).

 

The End of the World

1ª Temporada (New Who – 2005) – 9º Doutor

 

Já em “O Fim do Mundo”, 5 bilhões de anos no futuro, durante a expansão do sol, podemos ver a última humana Cassandra O’Brian se gabando das relíquias terrestres que ela possui, aí a piada é dupla, ela pede para trazer uma Jukebox, anunciando que os historiadores afirmam ter o nome de Ipod e tocar músicas clássicas dos maiores compositores da humanidade. E começa a tocar “Tainted Love” da banda inglesa Soft Cell.

É cusioso notar como uma brincadeira aparentemente tão insignificante quanto essa nos faz perceber como somos pequenos diante da história e como nossas ideias sobre o passado podem estar erradas. Por isso Sci-Fi é interessante, nos leva a refletir até com suas piadas.